ENSAIO ONDE SE DEMONSTRA QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS COMPONENTES DA VERDADE E A FARSA DA DIVISÃO ENTRE MUNDO MATERIAL E MUNDO ESPIRITUAL.
2) Em continuação ao que foi dito até agora, devemos considerar entre as principais componentes da verdade, a componente relacional entre o mundo material e o mundo mental (imaginal). foi o Filósofo René Descartes quem dividiu arbitrariamente a experiência humana em duas vertentes, uma para explicar o mundo material e outra correspondente ao chamado mundo espiritual, criando assim uma cisão inexistente entre esses dois mundos, que na verdade são os polos de uma mesma realidade.
Com o resultado do aprofundamento da Física Quântica, que vai aos poucos promovendo a dissolução da consistência do mundo da matéria, dá para se ver claramente que não existe essa coisa de mundo material e mundo espiritual, e sim uma única realidade, um campo unificado e probabilístico de possibilidade de tudo poder ser tudo, ao mesmo tempo.
A VERDADE COMO CONSEQUÊNCIA DO FLUXO DE INFORMAÇÕES.
3) Outra consideração a ser feita, a qual já nos referimos, é que a verdade é sempre uma consequência do fluxo de informações introduzidas nos dados de cada pesquisa. Quanto mais informações são introduzidas, mais probabilidade de se encontrar uma verdade mais abrangente, mais profunda. Como os fluxos de informações são uma coisa puramente consciencial, portanto, pertencente ao mundo da mente, o buscador da verdade já é uma figura contaminada pelas suas crenças, apegos, desejos e preconceitos; fatores que influem, e muito, no resultado final de toda pesquisa.
Informação incompleta gera sempre uma verdade incompleta. É isso que acontece com a ciência que sempre está corrigindo pressupostos e reformulando suas teorias. Todo avanço da ciência é nada mais nada menos do que uma retratação de que <não era bem assim> aquilo que fora divulgado no passado. Isso mostra que a verdade perceptível a nossos sentidos, é sempre relativa aos fluxos de informações e conhecimentos de uma determinada pessoa, época ou civilização.
Daí, não se dever ter apego a nada, seja no âmbito da Religião, da Filosofia ou mesmo da Ciência. Tudo são conceitos mentais, expressos em linguagem e lógica inventadas pela mente humana, passíveis de uma compreensão mais avançada e de maior aprofundamento sempre.
A Mente é a mãe de tudo. É ela que detém a consciência que gera os fluxos das informações que formam a Matrix desse universo inteiro. O Todo é Mente, o Universo é Mental. Este princípio hermético lança uma luz sobre a hegemonia que tem o mundo da Mente sobre o mundo da Matéria, transformando tudo em um só e único mundo, que é o mundo Mental.
DA REALIDADE VIVIDA: DO PENSADO, DO SENTIDO E DO COMUNICADO.
Os materialistas são categóricos em afirmar que o ônus da prova pertence a quem acredita. Se a pessoa acredita em Deus, por exemplo, é ela quem tem que provar para quem não acredita, que Deus existe. Que tipo de prova eles exigem? A única que se lhes poderia ser dada, que é a prova através do raciocínio, da lógica, da comunicação através da palavra.
Não há, para eles, outro tipo de prova. O raciocínio, a lógica e a linguagem são uma invenção da própria mente humana, pertencente ao hemisfério esquerdo do cérebro, eivados, portanto, de sérias limitações, tal que, qualquer experiência vivida no âmbito do sentir, não pode ser nunca comunicada sem a perda de seus componentes principais, necessários à compreensão daquilo que se quer transmitir.
A experiência vivida é uma Gestalt, uma completude que não pode ser comunicada através de palavras. Pode-se transmitir o que é o amor, para quem é incapaz de amar? O que é a felicidade para quem nunca foi feliz? O que é a beleza de um por de sol para quem é cego de nascença? O gosto de uma fruta? O cheiro de um perfume? O incapacitado pode pensar sobre essas coisas, porém, não poderá senti-las.
Palavras são símbolos incompletos que, para consolidarem uma boa compreensão, necessitaria de uma similitude de experiência vivida e resposta também similar entre transmissor e receptor, coisa praticamente impossível. Cada um é único, tanto na forma de perceber, quanto na forma de interpretar e explicar aquilo que percebe. Quem acredita já provou para si mesmo; única pessoa para quem, legitimamente, poderá provar alguma coisa. Quem não acredita é que tem que provar, não para os outros, mas para si mesmo, se a razão pela qual não acredita em determinada coisa é válida, ou fruto de um desconhecimento da pessoa em relação à coisa considerada ou, por outra, dos próprios mecanismos “lógicos” que a fizeram negar tal coisa.
Senti a dificuldade de comunicação através da palavra, uma vez em que uma professora da Universidade Federal de Curitiba, solicitou-me adquirir para ela um litro de licor de jenipapo. Daí, ela me pergunta: que gosto tem jenipapo? Eu penso, sinto o embaraço, aí pergunto para ela: que gosto tem morango? Ao que ela responde, após algum momento de hesitação: é, não se pode dizer com palavras. Tivesse eu um jenipapo em mãos para que ela pudesse morder a própria fruta, ela teria uma experiência completa de gosto, cheiro, cor, consistência etc., dispensando todo e qualquer tipo de interlocução de minha parte. Ora, vejam bem, se uma coisa tão simples como o gosto de uma fruta não pode ser comunicado, como querem os materialistas que se expliquem as experiências internas, profundas, indescritíveis, do ser humano com o Absoluto?